Carolina de Jesus

Carolina de Jesus

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Quarta-feira de Culpas

Era tal a quarta-feira de janeiro a escolhida pra varrer de si o peso, da mágoa. Quarta-feira de consciência branca. Que se afoguem as culpas, que escolha teve o moço se não a de se livrar dos vícios. Mas ó, pequenino, se esqueça de tudo, se encontre com ela, faz de seu amor caridade, de seu afago, pena. Ela rasteja, mendiga pesares, alimenta-se de seus olhares de ânsia, duvida de seu próprio cuidado, quer é ser recusada. Precisas de qualquer outra coisa além de um afeto cego? Infantilidade pura, seu desprezo é sua fissura. Ela quer seus contos de fada, sua moral estragada, sua estupidez ensaiada. Cansou dos suplícios, viciou-se nos cortes nas taças quebradas, nos queijos e vinhos, que mais se quer além de luxúria, sumiço. Não quer um par, quer todos. Todos os pecados, todos os malditos, todos os fugazes, todas as tentativas pequenas. Tudo o que for infundado. Se tiver fundamento, corra. Ela logo lhe toma o orgulho e lhe fere com as unhas cobertas de nada.

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