Carolina de Jesus

Carolina de Jesus

sábado, 23 de novembro de 2013

Camiseta Branca

Ei você.
De camiseta branca e cabelo molhado, você.
O que aconteceu nesses anos todos? Pra onde foi tua coragem construída, teus planos e aí?
Você quer ir embora só pra dizer que foi né.
Você imagina um futuro imaginado onde você é feliz, quando fecha os olhos.
Quando os abre, escapa voluntariamente de conseguir algo mais do que um sorriso de gratidão.
Você cresceu agora, não tem onde se esconder, não tem o quê te caiba.
Tá com medo, foge, não escreve, não mergulha, não sorri nem chora.
Perché non sa voler bene.
Escuta os conselhos de quem te fez escola.
Aqueles todos que já trilharam por você, pra te deixar mais perto da porta de entrada.
Já foi. Começou faz tempo. É você quem decide como você vai contar a sua história. Você não tem vergonha não, de dar pra trás assim... De deixar as imagens que te vem aos ouvidos fugirem assim? Ninguém vai poder ouvi-las mais tarde. Elas morrem mais tarde.
Você não tem vergonha não, de desperdiçar um minuto que seja da sua lucidez, que voa por aí, que tá fazendo falta em qual mundo que seja. Você não tem vergonha?
Tem medo de sentir, de descobrir do que gosta e o que não quer; vai e corre pra fazer tua história enquanto ainda dá tempo de ser uma história de coragem. Dá.
Os mais medrosos são sempre os que fogem. Fugas nunca são mal-interpretadas, tem sempre só um lado a se contar.
Se abre, se entrega pra sentir alguma coisa pra ver se alguma imagem bonita de se contar vem ao teu encontro. Enquanto ainda é tempo.
Você tem muito medo do dia em que tiver consciência da sua falta de consciência. Muito mesmo. Vai dar um desespero, uma vontade louca de pôr pra fora... Mas quando você começar já vai estar terminando. Não vai ter tempo de desencadear o desenvolvimento, quando for ver........... Já passou. Virou branco. E será muito tarde pra começar de novo.
Cada começo de história arde na gente. Mais do que os finais doem. Porque até lá já se renovou a esperança, ao mesmo tempo em que a descrença floresce dizendo que nunca vai se ter história tão bela quanto a última. E que só a última você vai querer abraçar pra sempre. A nova vai nascer morta sem nem ter tido chance de desabrochar. Amadurecer. Crescer. As crias mais novas precisam de mais atenção. Mas dói na gente largar o conforto daquelas velhinhas tão sabias, com marcas tão bem postas. Tão sabidas e sempre despretensiosas. Elas não ligam pra quem não as gosta e sua confiança exala esse encantamento inescrito.
Jamais.
Sempre.
Talvez.